quarta-feira, 19 de julho de 2017

AINDA OS FOLGUEDOS INFANTIS - MENSAGEM DO DES. ELISEU TORRES


Antes da adolescência, tinha um saquinho de bolitas (águeda, acinho, umas  floreadas, listas lindas). A gente jogava na rua e era um jogo limpo, brihante para quem tinha “nhaque”. Eu não era dos melhores ; havia, na turma, quem se rebuscava e era temido. Nossas armas eram o canivete e o bodoque. Eu fazia os meus próprios, forquilha caprichada, borracha de câmara de pneu, sola bem arrochada para receber a pedra. E, nisso- na arte de usar o bodoque, era um ás, Pobres passarinhos. Era certeiro. Quando passava férias na fazenda de meu avô, a vó Gregória sacudia a cabeça e dizia : menino malvado, matou os pobres bichinhos. Mas fazia a passarinhada com arroz. Depois, ja na adolescência,queria namorar, curtia amores lindos dos quais, na maioria das vezes ela não sabia.  Troquei a bolita e o bodoque por bicicleta  e a vida seguia. Na plana  Riachuelo, onde nasci e cresci, o calçamento de cascalho não impedia as corridas vertiginosas de fim de tarde. Uma vez, o Zé Babão, na minha bicicleta e num fim de tarde, no afã de bater o melhor tempo, levou por diante o Salvador, um negão de dois metros que seguia em paz, terno branco, rumo ao carnaval. Não deu prá avisar. O Babão levantou o negão e caiu, embolado com ele, naquela polvadeira de verão. O negão ficou marrom, o terno imprestável e o  Babão só se desculpava, dizendo que quebrara a clavica...Salvador era amigo de minha família e só por isso levou livre o Babão. Mas teve que voltar para tomar um banho, trocar de roupa e voltar aos folguedos de Momo. Ninguém tinha telefone, muito menos computador, televisão e I-Phone. Eramos felizes e não sabíamos...