domingo, 26 de março de 2017

COMO OS DINOSSAUROS E OS PTERIDÁCTILOS, EXTINGUIRAM-SE AS SERENATAS NA PRAIA

Quando compramos nossa primeira casa em Xangri La, na rua Rio da Várzea ( construção mista de tijolos e madeira), imediatamente fizemos amizade com a turma do Recanto Xangri La. Lá amiúde ocorriam tertúlias que  iam até o amanhecer. Éramos jovens e nessa fase não carece dormir. E como gosta de dizer o glorioso Miguel Marques, " comer embrutece, beber enobrece".
Várias vezes o Guido Koehler, o Celso Carlucci de Campos ( do grupo Os Posteiros) e eu saímos a esmo procurando casas de amigos para  tocar umas quatro ou cinco e sair fora, ou não.
Só tínhamos que respeitar a hora da novela. Depois disso, as portas se abriam. Geralmente os donos da casa puxavam umas cadeiras para a a área da frente ou para o jardim. E íamos tocando e bebericando até que o dono desse um ou dois bocejos. Era a senha para  dar o prefixo e sair do ar. Ou quando não traziam mais cerveja.
Celso ao violão, Guido na gaitinha de boca e eu ao violino.
De repente, não mais que de repente, tudo mudou.
As pessoas passaram a se enclausurar dentro das cercas e muros.
Além disso chegou a super deusa Internet.
As pessoas passaram a teclar dia e noite.
Ontem à tardinha Rudolf e eu fazíamos um dueto de violino na frente de casa, ao anoitecer.
Lá pelas tantas passaram umas pessoas, eram os pais com três filhos pequenos, voltando da praia. Pelas vestes dava para denotar que eram de moradores locais das vilas adjacentes.
Pararam e ficaram quietos, nos olhando e escutando.
Quando paramos a música que estávamos tocando o homem indagou:
- podemos ficar aqui fora escutando mais um pouco? 
Acho que é a idade me pegando.
Uma lágrima teimosa me deu uma neblina nos olhos.