sábado, 10 de outubro de 2015

NÃO FOSSEM OS TOSCOS DO ESTADO NOVO PODERÍAMOS TER MAIS LINGUAS FALADAS NO BRASIL


Eu ainda peguei o tempo em que  em Santa Cruz, Lajeado, Arroio do  Meio,Novo Hamburgo, São Leopoldo, e outras tantas, o português e o alemão conviviam nas falas cotidianas.
Bueno, eu até os 6 anos só falava alemão. 
E com minha mãe, até segundos antes de ela morrer, sempre falei em alemão. E ela era brasileiríssima; amava nosso chão sagrado de Santa Cruz do Sul.
A pretexto de uma guerra em que nós, filhos de imigrantes, nem nos tínhamos metido,  proibiram falar o alemão.
Que burrice da turma do Estado Novo.
Perdeu-se, creio que para sempre, um tesouro.
Como o Brasil perdeu o Tupy-Guarany.
Na foto um diploma de minha falecida mãezinha, da Congregação Mariana das Jovens de Boa Vista de que ela  fazia parte dez anos antes de eu nascer.
O nome de minha mãe, antes de se casar com meu pai ,era Ludmilla Etges.
Proibir um idioma..... pois isso aconteceu no Brasil.


COMENTÁRIO DA PROFESSORA LISSI BENDER - UNISC
Toscos, mas tão toscos que acreditavam estar no falar a língua portuguesa a condição para se ser um bom brasileiro – “quem não fala português não é bom brasileiro” – propagava um slogan  à época do Estado Novo. O pior, é que as ideias defendidas pela Campanha de Nacionalização do Ensino e da Língua permeiam o inconsciente de muitas cabeças ainda hoje.

Se falar português fosse garantia para se ser um bom brasileiro, não haveria tantos bandidos dentro e fora do mundo político; não haveria tanto bandido dentro e fora das cadeias.

Que concepções toscas! Para se ser um bom brasileiro há que se ter educação para os valores substanciais de vida. Valores que os descendentes aprendiam em seu idioma materno em família, nas congregações religiosas, nas congregações educacionais e desportivas. E todas estas instâncias educativas eram fortes em Santa Cruz, ensinando para  o sentido de responsabilidade social e, principalmente, para a convivência em comunidade.

Primeiro silenciaram e depois invisibilizaram os diferentes idiomas falados no Brasil e, ainda hoje, a maioria não se dá conta da imensa riqueza que representa a diversidade linguística para o Brasil e para seu o desenvolvimento humano, social, turístico e econômico. Isto, também em Santa Cruz.

COMENTÁRIO DO DES. NERIO LETTI

Durante a guerra, a segunda guerra mundial, quando Getúlio proibiu de falar o italiano, fechou os colégios italianos e as Sociedades Italianas de Mútuo Socorro, espalhadas pelas colônias italianas, na suposição hipotétia, que eram  "quinta-coluna" isto é, espiões do fascismo, do Benito Mussolini. Coitados dos colonos italianos, que foram presos, saqueados e fechados no porão da Prefeitura, como se fosse prisão e ái apanhavam uma tunda de laço, isto é, uma exemplada, para mostrar aos demais, que não era para falar italiano e nem se reunirem na capela e no salão paroquial para jogar as bochas ou as cartas. Foi um horror. Prendiam e surravam mesmo quem falava italiano.

 

Em Porto Alegre foram fechados cinco colégios italianos e várias sociedades italianas de mútuo socorro, cuja história, já está escrita, redigida, estudada e fotografada. Só consultar e aparece vários textos no  " Dr. Google".

 

Foi um baita atraso.

 

Agora, infelizmente, em Serafina Correa, a Prefeitura determinou por Lei Municipal de ensinar no primário, para as crianças a falar o dialeto vêneto,   o "talian"    -  que já está provado que dentro de algum tempo será  uma língua morta e ninguém mais falará, como mostram estudos da Universidade de Caxias do Sul. Deviam ensinar o italiano gramatical, pois, assim estariam ensinando um idioma que é falado na Itália e alguns locais do mundo.

 

Nério "dos Mondadori" Letti.