domingo, 14 de junho de 2015

UMA NOITE NA CAMPANHA DE ASSOMBROS INOCENTES

A noite, aqui na estância em  Unistalda, sempre chega uns minutos atrasada em relação a P. Alegre . Aproxima-se com um sol vermelhão vermelho igual a camiseta do Inter, pondo-se lá pros lados da Argentina. As sombras ficam compriiiidas. Em seguida, um conjunto de tenores alados começa a piar, piar.
Marrecas dão a última revoada e vão se abrigar no meio dos pajonais. Os patos singram pelos açudes até se aninharem nalguma touceira.  As galinhas   se espiolham e buscam os galhos das árvores para seu pernoite. A cuscada ainda retoça e se enrodilha.
O bicho-homem é o único que não vai se deitar na hora em que a mãe Natureza ordena.
Ontem a noite estava escura como que. Acordo no meio da madrugada com um alarido dos cuscos. Espio pela janela e nada vejo.
O que estaria havendo? Aguço os olhos pra ver se diviso alguma lanterna no meio do campo, onde podem estar ladrões de ovelha. E a cuscada continua  com seu alarido. Visto-me e saio para fora das casas armado de um facão e de uma machadinha. Prefiro morrer como um tigre do que como uma ovelha.
Nada.
Volto a dormir.
Pela manhã desfez-se o mistério.
Era uma cadela corrida.