quinta-feira, 25 de junho de 2015

NICO FAGUNDES

Os que acompanham meu blog leram , por esses anos, muitos relatos de minha convivência com Nico.
Conheci-o pessoalmente quando classifiquei uma composição minha e do Nenito Sarturi para o Festival de Palmeira das Missões.
De volta a P. Alegre, convidei-o para conhecer  minha estância em Unistalda.
Durante o trajeto, desde P. Alegre, fomos fazendo rápidas paradas. Juntava um mosquedo de gente  em redor dele.
No começo eu fazia um alvoroço quando Nico vinha me visitar na fazenda. Era  um juntedo de gente.
Depois do AVC, que o vitimou, e que fez mermar um pouco o número dos que requisitavam sua companhia, fortaleceram-se nossos laços de amizade,
Nico já requeria cuidados especiais, tinha dificuldade no falar, mas sua mente continuava brilhante.
Passou a preferir mais privacidade quando se hospedava na nossa  estância. Passávamos horas e horas conversando. Já era perigoso ele andar a cavalo. Então  recorríamos os campos de caminhonete mesmo.
Ele amava de paixão aqueles campos de Unistalda.
Até publicou um artigo em Zero Hora, me honrando com o epíteto de Ulano de Unistalda.
Tinha sólida formação filosófica e humanista.
Seu programa de rádio era uma aula de cultura a cada domingo.
Quando seu estado se deteriorou ele quase não saía mais de seu apartamento, sempre bem cuidado pela sua esposa Anita.
Não sei como, mas ele arrumou um violino e, quando o visitava, pedia que eu tocasse para ele.
Gostava de visita-lo quando estivesse solito com a esposa. Eu levava um vinho e charlávamos sobre tantas coisas.
Encarou suas limitações com nobreza.
A última vez que o vi foi no Hospital.
Viveu uma bela vida, gloriosa e proativa.
Meu galpão de convivência na estância continua com o nome dele.
Na minha casa de lá estão as placas fixas nas paredes com seus poemas em honra ao nosso convívio.