sexta-feira, 4 de julho de 2014

SOBRE O CHIMARRÃO


 de Hermes Dutra

Ruy !

Tenho recordações da minha infância, levantando as 5 da manhã para acender o fogão e fazer o mate para o meu Pai. Sempre tomei chimarrão. Mas nunca participei de roda com mais de uma cuia ( a exceção é quando a roda tem 15 ou 20) Aliás, dizem que o bom do chimarrão, no aspecto sociológico, é justamente esse: Formar uma irmandade onde todos são iguais, sem qualquer distinção. aliás, detesto alguns cola finas da cidade que tem a péssima mania de pasar os dedos da mão na ponta da bomba depois de tomar o mate. Dizem que é higiênico. Uma ova !

Que cada um cultive seus germens na boa e deixe saliva do vizinho resolver o problema.


Hoje tomo mate duas vezes por dia.De manhã, quando levanto e a tardinha ( 7,8 da n oite), sempre acompanhado de minha companheira, que aprendeu comigo a tomar mate, pois não tinha o hábito em sua familia. E lá se vão quarenta  e tantos anos de conviência, sempre com o chimarrão. Meus filhos também tomam mate até hoje.

Talvez alguns estrahem o fato de eu dizer ora mate, ora chimarrão. É que desde a minha infância sempre ouvi mate chimarrão e nunca vi diferença (não confundir com mate doce, que minha mãe tomava quando ganhava bebê).

De qualquer forma, bom mesmo é o mate. Seja tomado solito, numa roda com uma cuia só ou como voce faz, vários com várias cuias.

Grande abraço

Hermes Dutra
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´=ELVIO LOUREIRO
 
Confesso que sou mais apreciador de uma amarga bem gelada servida numa tulipa de cristal com direito a colarinho, do que um amargo quente numa cuia de porongo, contudo reconheço que o cerimonial de sorver o chimarrão numa roda de amigos, e principalmente com a família reunida constitui-se num momento singular de se conversar sobre tudo que se passou durante o dia, e eu até sugeriria incluir nas novas teorias de neurolinguísticas que tratam de comportamentos humanos, como sendo uma alternativa excelente a ser utilizada nas estratégias de negociações. ( teoria: dizem que enquanto as pessoas se ocupam na alimentação / almoço ou similares, elas são mais sinceras, não conseguem enganar, não conseguem disfarçar, os olhos refletem as intenções e conteúdo da alma, dai por que se aconselha este método a também ser utilizadas numa rodada de negociações ) .
 
Mas eu me incluo naquele grupo de "meio cruzados", até por que tenho um pouco de sangue alemão misturado com português, sueco, e brasileiro da capoeira, tudo misturado da no que deu, mas para rir um pouco eu vou justificar o por que, em certa ocasião fui com um amigo visitar uma micro propriedade no interior de Gramado Xavier, pra lá da Cava Funda, onde o acesso era muito difícil pelas precárias estradas existentes, perto de uma encosta havia uma pequena casinha de madeira, onde fomos recebidos pelo agricultor arrendatário da terra, ele muito cordialmente após nos receber, ofereceu-nos um chimarrão depois de ter se servido primeiro, terminando com aquela tradicional puxada de três tempos que forma aquele ruído do vácuo,  contudo observei que o vivente tinha um pivô ( só um pino metálico) bem central na porteira dental , cuja os restantes estavam todos meio esburacados como as estradas administradas pela EGR , desgastados pelo tempo, ou falta de recursos para as revisões conforme reza no manual do proprietário, o bico de sua bomba, estava digamos assim, meio amassadinho e tinha uma fissura longitudinal de tanto ele esfregar aquele elemento pontiagudo remanescente, como que uma espécie de cacoete, de mascar aquela parte da bomba, e simultaneamente dar uma coçadinha na língua, era perto do meio dia, estávamos sedentos, um chimarrão naquela hora seria amenizar a sede, ato contínuo,  ele encheu a cuia e repassou para o meu amigo, eu pensei graças a Deus tenho algum tempo ainda para pensar em alguma coisa,  meu companheiro, que não era nenhum cumpanheiro,  puxava firme o amargo, com um olhar meio preocupado, mas firme, mas dai quando chegou a minha vez, eu preferi agradecer alegando um problema de gastrite estomacal que me proporcionava muita azia com o mate ,,, 
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AFIF JORGE SIMÕES  NETO
 
Ruyzão: ainda sobre o chimarrão "cruzado", na São Sepé da antiga três irmãos se reuniram no galpão da estância de um deles, pra discutir como seria a partilha dos bens deixados pelo finado papai. Eram os 3 e mais um peão caseiro, que estava pela volta e ficou na roda do mate. Quando chegava a vez do peão, os irmãos "pulavam". Terminada a reunião, um deles passou a chaleira e a cuia pra esse peão, que devolveu, brabo:
 
- Se eu não fui suficiente pra tomar na roda, agora eu não quero!!!!!!