sexta-feira, 25 de julho de 2014

O DIA 25 DE JULHO - POR LISSI BENDER ( UNISC )


Hoje, 25 de julho, o Rio Grande celebra 190 anos de participação Alemã em sua construção       

   Enquanto o sumo da fruta escorre entre meus dedos, contemplo a variedade de frutas no pomar que oferta múltiplos sabores durante o ano todo. Agora, por exemplo, delicio-me com laranjas, bergamotas, nêsperas, bananas para citar algumas das muitas espécies a sorrirem para mim e para as muitas vidas que delas extraem energia de vida. Sumo da terra que valeu a todos o que me antecederam aqui, em minha  Heimat Santa Cruz do Sul.

           Essa abundância e diversidade de vida natural é a “Schlarrafenland” dos alemães, a “cocanha” dos italianos, com a qual tanto sonharam. Seguiram seu sonho de liberdade, de serem donos da sua terra e dela poderem extrair o mel. 

          "Etwas Besseres als den Tod finden wir überall" – “algo melhor do que a morte encontraremos em toda parte”, já dizia uma personagem do conto de fadas dos irmãos Grimm em Die Bremer Stadtmusikanten, em que quatro animais, diante da iminência da morte, deixam seu lugar de viver para trás.

           A mesma frase é proferida  pela personagem principal no filme - Die andere Heimat, de Edgar Wetzel, que estreou em outubro último na Alemanha. Esta fala reflete, por um lado, a amargura de muitos alemães em face das dificuldades para a manutenção da vida e, por outro, a determinação de fazer a travessia do Atlântico, ao encontro da terra prometida, a convite do Império Brasileiro. 

           190 anos se passaram desde que os primeiros alemães depositaram seus sonhos e suas vidas em solo gaúcho. 190 anos de participação, de construção por algo melhor que a morte. Em meio ao mundo predominantemente natural que lhes foi destinado, construíram todo um mundo cultural,  para o qual lhes valeram  saberes, conhecimentos, valores vindos em sua bagagem na interação com o novo espaço de viver.

           Trouxeram consigo a língua alemã a somar com inúmeras outras que são a base da diversidade cultural do espaço rio-grandense e o enriquecem. Além de valores como o da educação, da fé, do trabalho, do espírito de união. Edificaram escolas, igrejas, hospitais. Fundaram jornais e editoras. Difundiram o espírito cristão e professaram o Cristianismo de Martin Luther. Instauraram muitas associações culturais e recreativas.

           Em sua travessia acompanharam-nos igualmente conhecimentos, saberes e sabores que, para além do cultivo da terra, contribuíram para o desenvolvimento do lugar que lhes coube para viver. Ofícios como marceneiros, carpinteiros, ourives, cervejeiros entre vários outros


que aqui não existiam

. Entre eles também vieram profissionais formados, tais como médicos, advogados, professores, arquitetos, entre outros.

Há 190 eles trouxeram vida para nossa terra e aqui a desenvolveram. De seus  frutos, e do mel a brotar da terra, todos nós partilhamos e com eles continuamos a construir vida, também para os que vierem depois de nós, para que a vida em solo rio-grandense possa sempre ser  melhor, muito melhor que a morte.