quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O LENDÁRIO DR. FRANKLIN CUNHA REMETE MAIL AO BLOG

franklin
Franklin Cunha
Médico, formado em 1965 na UFRGS. Tem três livros publicados no gênero ensaios: Deusas, bruxas e parteiras (Editora Livraria do Advogado, Porto Alegre,1995).A lei primordial (Editora Age, Porto Alegre, 2005), que ganhou o Prêmio do Livro do Ano, 2005, da Associação Gaúcha de Escritores. A raiz da esperança ( Editora Age,2010, Porto Alegre).
Organizou e colaborou junto com os colegas Blau Souza, Fernando Neubarth e José Eduardo Degrazia em sete edições da série Médicos (Pr)Escrevem, contos, ensaios, história,publicadas pela AMRIGS, Sulina e outras Editoras, 1995-2002.
Tem várias colaborações para a série Nós os Gaúchos, da Editora da UFRGS.
Escreveu ensaio sobre o escritor franco-argentino Paul Grossac, o qual foi editado em forma de cd pela Faculdade de Filosofia e Letras da UFRGS ( organizadora: professora Zilá Bernd, 1996)
Tem mais de 60 textos publicados em Zero Hora, Revista do Instituto Estadual do Livro (IEL) e outras publicações gaúchas, nacionais e internacionais, como a Revista “ Humanidades , cultura e cidadania“, editada em Lisboa por José Luís Gil e da qual faz parte do Conselho Editorial).
É Editor do Jornal MenteCorpo, cujo editor-chefe é o Psicanalista Dr.João Gomes Mariante.
 
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Prezado Dr. Ruy Gessinger
Conheço Tübengen, bela e asséptica cidade, banhada pelas límpidas águas do rio Necker. Para termos uma idéia,sua universidade, foi fundada 30 anos antes da descoberta do Brasil ( em 1470). Há nela uma filial do Instituto Max Plank por onde passaram vários prêmios Nobel.
As águas e a hisória da cidade e da bela região da Floresta Negra, nem sempre foram tão límpidas e transparentes como  são hoje.
Na bem conceituada faculdade de medicina, correm notícias de que houve época em que seus futuros médicos estudavam anatomia humana em esqueletos de prisioneiros assassinados nos eficientes fornos crematórios e matadouros dos campos de concentração nazistas.. Na cadeira de ginecologia, dava concorridas palestras o Herr Professor Hans Hinselmann.( que  conheci em Porto Alegre, em palestra que proferiu em 1963 na Sociedade de Ginecologia do RGS) Ele foi o cientista que descobriu a etiologia  e o consequente tratamento do câncer de colo do útero. Seus trabalhos científicos só se tornaram possíveis pelo fato de que um ginecologista, seu sobrinho; Dr. Eduard Wirths, era , na época, médico no campo de Auschwitz onde  o eficiente funcionário amputava o colo do útero das prisioneiras dos campos e enviava a peça para estudo microscópico anátomo-patológico ao laboratório do Herr Profesor Hinselman, situado em Altona, perto de Hamburgo. Como consequência da pesquisa científica do do Dr. Wirths, morriam de hemorragias e de infecções a maioria das já doentes e consumidas cobaias-humanas.
Nós brasileiros, podemos admirar e respeitar  a velha civilização germânica, desde que conheçamos a sua  história remota e recente de suas admiráveis  conquitas nas ciências e nas artes, sem esquecer no entanto  suas abomináveis conquistas ( e derrotas) guerreiras que só no século XX resultaram em 80 milhões de mortos e a destruição de milhares de cidades em toda a Europa. E infinito sofrimento.Vivemos num país admirável  que recebeu de braços abertos e com grande afeto e respeito emigrantes de todas as etnias que aquí escolheram para viver e constituir suas famílias..Há cerca de 1500 anos, bárbaros godos, visigodos e de outras origens germânicas invadiram, saquearam e destruiram Roma e sua admirável  cultura. O Brasil tem apenas 500 anos desde que foi invadido pelos portugueses.Estamos ainda construindo nossa civilizaçao  com a esperança de que ela se consolide em breve tempo.Mas temos de confiar nela e lutar para alcançá-la e para isso temos que nos organizar em termos de um projeto que proporcione - de acordo com o lema cristão - " vida, comida e justiça para todos".
Acrescento, para finalizar e lembrar , breve e incisivo  texto do historiador Voltaire Schilling  .( filho de um militar brasileiro descendente de imigranttes alemães) em seu livro Eugenia: a Política de Morte do Nazismo :
“ ... a política de extermínio não foi um gesto tresloucado e impensado. A maioria dos seus agentes estava firmemente convencida do seu rigor científico e da sua certeza benéfica para a humanidade. Levaram à prática aquilo que fazia anos era defendido por pensadores de renome, por revistas científicas e por médicos ilustres. Hitler implementou aquilo que amplos setores científicos acreditavam ser verdadeiro. Foi o primeiro pacto moderno entre a ciência e a barbárie”.
Saudaçoes brasileiras e cordiais
Franklin Cunha
Médico
CREMERS 3254
TEGO 256 / 69