sábado, 3 de agosto de 2013

PARTIU MAIS UM AMIGO MEU - O MANDICO



 

Eu sei, eu sei, “De mortuis nil nisi bonum “. Dos mortos não se fala a não ser o bem.

Mas meu coração está trespassado pelo falecimento do meu querido amigo desde a mais tenra infância, em Santa Cruz,o Armando Sjoemann Jr.

Começa que quando os pais dele viajavam para o Morro dos Conventos, onde tinham uma casa, ele reunia uma turminha no andar de cima da casa comercial de seu pai, que era a residência, e lá bicávamos  uns vermuthes. Naquela época nada era proibido e, por isso ele, parece que já aos 15 anos, dirigia a caminhonete de seu pai. Como é que a gente aprontava tanto e nada nos acontecia? Só podiam ser as orações de nossas mães.

Mandico, desde guri novo, era uma pessoa ética: não  dado a intrigas, não brigava com ninguém e poucos tinham a capacidade de agregar como ele. Transitava por todas as “ tribos”.

Certo dia  lá por 1965, o encontrei desconsolado, pois dividia um apartamento com um conhecido, houve um problema e ele teve que sair. A velha e boa Casa da UESC na Tomás Flores, em P. Alegre, foi o refúgio para onde o encaminhei. No fim daquele ano me convidou para, em dezembro, irmos para a casa de  seus pais  em Morro dos Conventos. Lá conheci minha primeira esposa. Em homenagem ao Mandico, demos o nome de Armando ao nosso primogênito.

Foram semanas de nós mesmos fazermos comida, longos passeios e de noite sempre uma chegada na Boite do edifício Criciuma, onde só tínhamos dinheiro para uma coca-cola e nada mais. Mas sempre arranjávamos uma menina para dançar e bater um papo. 

O tempo passou, cada um tomou seu rumo. Mas, quando nos encontrávamos,  depois de anos, era como se  fosse ontem que a gente tinha conversado. Simplesmente emendávamos a conversa como se não tivesse sido interrompida.

Pessoa próxima a mim me relatou que, estando ele numa roda onde alguém  começava a fazer um comentário desairoso sobre pessoa que ali não estava, Mandico falara:

- vamos parar com isso, não vamos falar de quem não está aqui, mesmo porque não nos interessa!

Lá se vai mais um contemporâneo dessa época maravilhosa e de ouro de Santa Cruz, dos Gi-Cos, dos “ footings”, do glamour, do ensino de excelência, das amizades perpétuas!

Mandico vai fazer sucesso lá no Céu!

Me lembrei agora de um trecho da canção “Everytime we say goodbye, I die a little.” ( cada vez que dizemos adeus, eu morro um pouco).

Morri mais um pouco com essa partida.