sábado, 10 de agosto de 2013

DIA DOS PAIS - ÉLVIO LOUREIRO APROVEITA E DÁ RISADAS


 Tá chovendo e eu aqui lendo algumas lembranças que os amigos relatam, que antecedem a data em que convencionamos homenagear os pais, me vem a mente uma série de recordações, algumas que me comovem muito, que prefiro deixar guardado no cofre. Éramos pobres, tínhamos dificuldade para com quase tudo, meu velho era um artesão nas horas de folga, inteligente, criativo, coisas que a genética não me privilegiou, no galpão havia uma parte onde ele tinha várias ferramentas organizadas, e ai de nós se chegássemos perto, em uma bancada de madeira ele fazia de tudo, consertava o solado de nossos calçados com pneus velhos, fazia nossos carrinhos de lomba, patinetes, e até um brinquedo que muitos sequer imaginam, nós o chamávamos de rema -  rema , era um carrinho de lomba, dirigível no eixo dianteiro, mas ele adaptou uma tração movida por coroa e corrente de bicicleta no eixo traseiro, com uma espécie de excêntrico que movimentávamos com as mãos num apoio confortável de madeira em forma de cruz, era um brinquedo fantástico, além de servir ao propósito, também era uma excelente opção de exercício físico semelhante ao remo de academia; fazia aviões ( réplicas ) daqueles antigos Douglas americanos, caminhões de madeira, entre tantos outros brinquedos; um dia ele ganhou uma máquina velha de cortar cabelo manual, afiou e para economizar, fazia nossos cortes, e perguntava-nos qual é o corte que preferem ? só havia um tipo : o cadete ( raspava as laterais e aparava a parte de cima de forma rala ), consertava tudo, sabia fazer de tudo um pouco, as vezes parava e ficava olhando nós fazendo alguma coisa do tipo, e dizia esta errado, será que tu não vê seu burro, e podia apostar que ele tinha razão . Seu tipo era um pouco sisudo, quem não conhecesse sua origem meio lusitana, diria que tratava-se de um alemão legítimo, na mesa ninguém podia abrir a boca, mas não era só nestas ocasiões, não tinha muita conversa fiada, falava ou fazia algumas bobagens e a bronca era certa; depois quando ficou mais velho mudou um pouco, ficou mais democrático digamos assim. 

 Me lembro de uma boa, ou muito ruim,  quando estava perto da aposentadoria, comprou uma DKV, Vemaguet ano 1959, usada, aprendeu a dirigir com mais de 50 anos, um dia fomos conhecer o Porto Ferreira, balneário no Rio Jacuí, no município de Rio Pardo, que depois frequentei por aproximadamente 35 anos, a estrada era toda de chão, e na entrada do balneário, toda extensão era muito estreita, lá pelas tantas, avistamos uma carroça de duas rodas de aros de ferro na frente, não havia espaços para ultrapassagem, mas o velho mirou a DKV, e achou que daria, porém a ponteira, tipo aquelas bigas romanas, pegou na lateral direita da camionete e rasgou a lataria de ponta a ponta, aquilo estragou nosso passeio, nem apreciamos muito aquelas águas límpidas da praia, que depois desapareceram com as barragens; na volta perto de Ramiz Galvão, onde travou-se a batalha do barro vermelho ( farroupilha ), tinha um homem fazendo sinal, e o velho disse no interior da viatura, não tem lugar para carona , mas era para sinalizar que um posta havia caído, e o fio grosso de cobre se estendia em diagonal, fato que culminou com uma lixação total do lado esquerdo, paramos e me lembro do velho nervoso, minha mãe então disse tu não tens condição de dirigir, e o velho não tinha opções, continuamos a pequena viagem de retorno, e perto da Fazenda Hildebrand, passa uma camioneta F-100, e uma pedra bate no para-brisa dianteiro estilhaçando o vidro, o velho aquela altura já estava mais do que nervoso, continuamos e felizmente chegamos em casa. Na outra semana encaminhou para funilaria, lado direito, esquerdo, vidro novo e pintura total , a tardinha de umas duas semanas depois ele chega em casa mais aliviado, feliz por que ficara como nova, e minha irmã estava saindo para o colégio, e ele diz espera ai , vou te levar , depois vamos olhar como ficou a DKV,e se foram, estaciona rapidamente na frente do Colégio Marista São Luís, minha irmã desce e não fecha bem a porta, aquelas camionetes abriam a porta para frente, ele arranca, e literalmente a porta também pois encostara contra uma árvore, nós aguardando na frente de casa,  e aparece a DKV e o Véio , sem a porta direita ,,, 

 Hoje a gente conta esta história e acha muita graça, mas na época foi muito azar, bota azar nisso, muito prejuízo, mas são lembranças de um tempo que só ficou na lembrança, o veio era boa em tudo, era aquela DKV, que era azarada !!!!