sexta-feira, 9 de agosto de 2013

AO ENSEJO DO DIA DOS PAIS - POEMA DE NENITO SARTURI


CISMAS DE AVÔ...

                   Nenito Sarturi

 

A geada do tempo branqueou-me a “flexilha”

E a barba tordilha é prenúncio do fim...

Mas sinto que tenho horizontes à frente

E sei que há sementes guardadas pra mim.

 

O ventre fecundo da jovem senhora

- Que vem ser mi’a nora - já entumeceu,

E ali, dentro dela, o pulsar de uma vida,

Que a estrada comprida por graça me deu.

 

São cismas de avô que jamais vislumbrei,

Que nunca pensei vivenciar algum dia...

E agora precedem a vinda de um “rei”,

Que traz a esperança e acorda a alegria.

 

A quem vai puxar, pela mãe, pelo pai?

Qual a cor dos olhos, da tez, dos cabelos?

E qual o formato dos pés e das mãos?

De quem ganhará os melhores desvelos?

 

É o rio da vida que segue, radiante,

Após a vazante de um tempo de estio,

Pra afagar meu neto com riso abundante

E afogar, em beijos, meu rosto sombrio.

 

 

* Para o meu neto Pedro, com carinho!

   Santiago do Boqueirão, 27 de julho de 2013.