quinta-feira, 11 de julho de 2013

COLAPSO - PONDERAÇÕES DE IVAN SAUL


 

Outro dia eu dizia ao Grão Mestre, em correspondência privada, sobre sua capacidade de estimular-nos mentalmente pelo seu blog. Onde os temas propostos nos conduzem a elevação moral [ou espiritual, como queiram] através da reflexão aprofundada e do questionamento desde o ponto de vista filosófico. Admiro, principalmente, tendo dito à ele no início da nossa amizade, a capacidade do Dr. Gessinger de congregar, nesta nossa irmandade, personalidades tão diversas - homens e mulheres, liberais e socialistas, advogados e veterinários, agnósticos e religiosos - cujo traço comum, além da admiração pelo homem Ruy, é a inteligência. Desnecessário dizer que, tirando eu [a falsa modéstia exige], o alemão sabe se cercar de gente pensante, muitos românticos e sonhadores, como ele sabe ser na estância ou na praia, outros tantos, realistas como o tipo que "assiste o mundo ao vivo", viajando ou desde as janelas de suas torres portoalegrenses.

 

Chega de bajulação. O negócio é o seguinte Dr. Ruy, tô desde ontem quebrando a cabeça com esta coisa de "colapso social", o Villela e o Wartchow, se deixaram seduzir pela tua proposição e abordaram lindamente o assunto - as civilizações suicidas e as dificuldades forjando a organização social. Passei a noite escorregando no mesmo sentido, buscando explicações científicas - ou pseudo, no meu caso, dado que empíricas - na nossa história, etnias y qué sé yo.

 

Acordei com a certeza de que, motivado por desilusão, propositalmente nos induziste ao erro, falaste em colapso social, contrato social e até nas cuecas do Getúlio, querias nos convencer de que existe algo passível de ser chamado Sociedade no nosso amado Brasil. Minha teoria é muito melhor, posto que mais confortável [ou risível], nosso contrato social ainda está por ser escrito, nosso tecido social por ser tramado, nossa Nação por ser unida sob algum pretexto, qualquer pretexto, que não seja humanóide - o Imperador, Gegê, Collor, Lula... - nem abstrato como a Seleção, a Bandeira ou a Constituição, todos incapazes de nos tornar "patriotas permanentes", de por vida [toda la vida?!?!?!]. Nós "O Povo", temos que ser Nacionalistas e Populares - "Nac&Pop" - não os governantes, não a mídia, não os educadores, não os pais.

 

Nos une sob o mesmo guarda-chuva a educação que carregamos, não a educação frouxa e indulgente que está voltada ao ensino de macetes para lograr aprovação, do Kindergarten até o Doctor of Philosophy, onde contempla-se a especialização em detrimento do generalismo, isto é, o econômico em detrimento do humanismo. No mundo das corporações, formam-se trabalhadores ávidos pelo êxito individual, traduzido em salário, ao invés de formar homens que visualizem "o todo" e suas implicações pessoais, a famosa "qualidade de vida".

 

Como educador que fui - ou sou, já que não existem ex-educadores, não entre os vocacionados - vejo a solução para o colapso, e renovo minhas esperanças num Brasil melhor, sonhando com o dia em que o ensino virá a ser tratado com seriedade por aqui. Esta é a esperança traída pelas esquerdas e pelas diversas faces do neoliberalismo, através da falsa impressão de democracia e de bem-estar generalizado trataram de nos convencer de que quando o Estado vai bem regozija-se a Nação.

 

E o pecado contra a esperança, meus amigos, ainda é o pior pecado que se pode cometer. Retirar-se do homem a esperança é devolvê-lo à sua condição de animal falante.

 

Fraternal abraço... Ivan