sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MAIL DA PSIQUIATRA LAIS LEGG


Oi, Ruy:

           Li teu desabafo sobre o comportamento dos jovens, hoje em dia.

 

Confesso que eu já desisti, a coisa está nivelada muito por baixo E EM TODOS OS SETORES. Não há mais quem escreva direito, a regra é assassinar o vernáculo de forma generalizada, até mesmo e principalmente por aqueles que têm curso superior. Recentemente, um amigo, que mora em SP, escreveu-me para contar que a baixaria já chegou ao clero, outrora reduto de padres cultos, poliglotas e obrigados a conhecer o latim e o grego. Pois este amigo passou por uma igreja e, na porta, havia um cavalete com a inscrição “sauve sua auma”. Isso mesmo. Pode?

 

Eu mesma já fiquei arrepiada ao ler uma matéria jornalística onde se lia que a fulaninha casou-se com vestido “de calda”. Pois bem, agora temos compotas de vestido de noiva. Sem contar que recebi um encarte, dentro de um grande jornal gaúcho, onde anunciavam a venda de um pijama e um “hobby”. Ora bolas, quem quer saber que robe vem do francês “robe de chambre”? Somente os jurássicos, como eu, que detestam as novelas da Globo, as quais considero tão nocivas quanto o “crack”. Aliás, já somos vice-campeões mundiais no consumo desta droga. Perdemos, apenas, para a nação mais rica do mundo.

 

A elegância, a ética, a boa educação e a cortesia são coisas ultrapassadíssimas. A moda, hoje, é escutar músicas de gosto duvidoso  e no último grau de volume, beber até cair, ficar com o maior número possível de parceiros numa festa e, tão logo seja possível, experimentar alguma droga. E ligar a TV e ver atores globais representando, dizendo que usaram drogas, foram presos, etc, lamuriando-se e perguntando “até quando?”, com a esperança que as drogas sejam descriminalizadas. Ora, até quando pergunto eu! Quosque tandem, Catilina?

 

Segundo as pesquisas, o Brasil possui dois milhões e oitocentos usuários de “crack”. Como se sabe, a droga destrói a saúde física e mental do usuário e não há leitos e tratamentos disponíveis no país. Muitos deles (todos chegarão lá) não conseguem mais trabalhar e produzir, necessitando do benefício previdenciário , caso tenham emprego, e do LOAS (benefício assistencial)  caso não trabalhem e vivam na miséria (todos chegarão lá). Conseguindo o benefício, o cartão para o saque do mesmo passa, imediatamente, para as mãos do traficante.  Todos que lidam com isso conhecem a questão. Mas quem quer saber disso, se a Copa do Mundo já está chegando?

 

Abraços,
Laís