domingo, 27 de novembro de 2011

SE ÉS UM DESLUMBRADO, NÃO FIQUES TRISTE. AOS 30 ANOS EU TAMBÉM ERA, OU, O ESTELIONATO DE RIEU


O inefável Foerster que não gosta do André Rieu, como eu , que toco melhor que ele,  mas tu, minha socialaite que gosta do Richard Klaidermann e lês o Paulo Santana e a Letícia e ainda acreditas no espeto corrido e na festa dos dez mais elegantes de tua cidadezinha, por favor, pára de ler. Agora!

Foerster:
Certamente, deves conhecer ou ouvido falar ou dizer sobre André Rieu,
é um músico europeu que costuma "deturpar" as músicas clássicas; por exemplo,
ele toma como início: >
> uma bela sinfonia de Beethoven, toca uns acordes com seu violino, e repentinamente
transforma tudo [com a ingente orquestra que o acompanha] numa chanchada musical,
na medida em que insere ritmos mexicanos etc. e incidentes, por aí vai ...
É um horror este cara; ele é um tipo Richard Clayderman, só que este {com formação
originariamente clássica} executa músicas populares ao piano, em geral, teclado solo.

Nem vou te mandar o vídeo original, pq - simplesmente - é um horror !

Ao que o Paulo Rudi Schneider responde



Tá bem, tá bem. Ele é uma especie de carnaval erudito. O seu sucesso significa a manifestação do que está latente na enorme massa dos que estão de algum modo em relação com a música erudita: é o nascimento do gibi musical da alta classe, que sai do banheiro para ser apreciado nos salões das metrópoles. É a massificação em processo por todos os lados, facilitada pelo aspecto da técnica virtual: quem se apresenta como espectador é assediado pela esperança de merecer aparecer como protagonista na performance dos programas, tal qual os programas de auditórios das TVs brasileiras e de todo o planeta. Temos que pensar mais sobre isso. Há boas sugestões de elucidação nos textos de Walter Benjamin e Theodor Wiesengrund Adorno. Vocês especificamente gostam da erudição em si, o que por si só é louvável; mas não deveriam reprimir a reflexão sobre o significado dessa forma de expressão contemporânea da massificação avolumando-se por todos os lados. Parece que com o intuito de identificar-se enxergando a si, o povão vai para a macumba, para a missa, ou para as tendas dos milagres dos pentacostais da hora; a classe média e alta vai para o Rieu. Eu mesmo de vez em quando vou ao futebol para fugir da minha solidão entre ervas aromáticas, livros e música do meu gosto particular. O que significa tudo isso? É a massificação o prenúncio da morte que a todos massifica na massa dinâmica do universo? Sei que o meu gosto é apenas uma florzinha de tiririca na pradaria geral do nada, mas sou eu, e, enquanto ainda não ceifado, fico matutando sobre as raízes do tudo e sobre a vaidade de que nos falou Salomão; em suas horas de sabedoria evidentemente, porque nas outras, pelo que se sabe, tratava de particularizar-se como o maior formigão de todos os tempos quando a rainha de Sabá lhe dava trégua.
Cadum c a d u m , como dizia o meu amigo Rodrigo.
Saudações do
Paulo