sábado, 13 de agosto de 2011

MINHA FILHA MILÈNE E O RESGATE DE SUA GATA


 

Tinha que dar aula na Faculdade, de sorte que lhe prometí que, quando voltasse, 22 hs, reencetaria as buscas. Ela secou as lágrimas e seus olhinhos azuis se iluminaram.

Passei as horas tentando lecionar. A cadeira era Teoria Geral do Processo II, mas só pensava na tal gatinha.
Ao chegar em casa, dei uma busca pelo quarteirão e nada.

Deitei-me, cheio de remorso.
De repente ouvi um “miau”, seguido de um tonitroar de latidos de cães. Levantei-me , olhei por uma janela que dava para o vizinho, cujo pátio deveria ter uns dez cachorros e, na casa seguinte, sobre um muro, aterrorizada, lá estava Mitzi, sem condições de voltar para a nossa casa.


Vesti-me e fui ter na terceira casa, bati, já eram 11 horas, mas ninguém atendeu.
Voltei a deitar e o ” miaaau” não parava.

Galguei o muro de nossa casa, fui me esgueirando pelo do vizinho, louco de medo de cair e ser destroçado pelos cães, até que cheguei na outra casa e peguei a Mitzi. Nisso ouço um estalido seco de metal:
- Para quieto aí, seu ladrão, ou te meto bala!
Era o zelador da terceira casa me apontando um tresoitão.
Expliquei-lhe tudo, acalmei-o , mas ele me mandou voltar por onde viera.

E voltei triunfante, mas todo cagado, para casa.
Tornei-me o herói para minha filha.
Milène nunca me incomodou. Formou-se, como eu, na UFRGS, é juíza de direito, como eu fui.

Acaba de me dar um netinho louco de bonito, para quem dedico esse relato em tudo verdadeiro.
( republicado)